janeiro 31, 2008

É preciso acreditar!




Contam que um certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Foi quando ele chegou a uma casinha velha - uma cabana desmoronando-se - sem janelas, sem telhado, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desertico.

Olhando ao redor, viu uma bomba a alguns metros de distância, bem velha e enferrujada. Ele arrastou-se até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu frustrado para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa.

Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado: "Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo.
P S.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."


O homem arrancou a rolha da garrafa e, de facto, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu num dilema: Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia para a próxima pessoa... mas talvez isso não desse certo.

Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco fiaveis, escritas não se sabia quando?

Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba começou a chiar. E nada aconteceu!

E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete : "Acredite, funciona! Você precisa de dar toda a água antes de poder obtê-la de volta!"

(Autor desconhecido)

janeiro 23, 2008


O homem e a água
Joan Manuel Serrat (tradução)

Se o homem é um gesto
A água é a história,

Se o homem é um sonho
A água é o mundo,

Se o homem é lembrança
A água é a vida,

Se o homem é uma criança
A água é Paris,

Se o homem a pisa
A água salpica,

Cuida-a
Como ela cuida de ti.

Brinca, molha, voa, lava,
Água que vens e vais.
Rio, espuma, chuva, bruma,
Nuvem, fonte, gelo, mar.

Água, barro no caminho,
Água que esculpes paisagens,
Água que moves moinhos,
Água que me dá sede nomear-te,
Água que podes mais que o fogo,
Água que lapidas a pedra,
Água que estás nos céus
Como na terra.

Brinca, molha, voa, lava,
Água que vens e vais.
Rio, espuma, chuva, neve,
Nuvem, fonte , gelo, mar.

Água, barro no caminho,
Água que esculpes paisagens,
Água que moves moinhos,
Água que me dá sede nomear-te,
Água que podes mais que o fogo,
Água que lapidas a pedra,
Água que estás nos céus
Como na terra.

janeiro 12, 2008

Rio Jordão



O rio Jordão (hebraico: נהר הירדן, nehar hayarden; árabe: nahr al-urdun) é um importante rio da Terra Santa, formando a italia fronteira natural entre Israel e a Jordânia.
Nasce na encosta do monte Hérmon, segue depois até ao Mar da Galileia, para desaguar, ao fim de mais cem quilómetros, no Mar Morto. A nascente (E), situa-se na Jordânia e, a poente (O), a Samaria.
No seu trecho final, este rio corre entre margens desérticas.

Em termos bíblicos, é porém ele o mais significativo, quer em termos de Antigo Testamento, quer em termos de Novo Testamento.
De acordo com os Evangelhos, João Baptista desenvolveu a sua pregação nas proximidades do Jordão, onde Jesus foi baptizado e não terá sido longe daí que decorreu o período das suas tentações.
Hoje em dia é uma das maiores fontes de água de Israel.


Origem: Wikipédia

janeiro 02, 2008

A lenda da Lagoa das Sete Cidades



Há muitos, muitos anos, vivia no Reino das Sete Cidades uma pequena Princesa chamada Antília.
A menina era a filha única de um velho Rei viúvo que era conhecido pelo seu mau feitio. Senhor das Alquimias e do Saber, o Rei vivia em exclusivo para a sua filhinha, não gostando que a Princesa falasse com ninguém. A menina ora estava com o pai, ora estava com a velha ama que a criara desde o nascimento, altura em que a Rainha sua mãe falecera.
Os anos foram passando, Antília foi crescendo e um dia já não era mais aquela menina de tranças loiras caídas sobre os ombros, enfeitadas com flores silvestres; tinha-se transformado numa linda jovem, uma Princesa capaz de encantar qualquer rapaz do seu reino.
Contudo, se todos ouviam falar da beleza da jovem Princesa, eram poucos ou nenhuns os que a conheciam, pois o Rei não gostava que ela saísse do castelo nem dos jardins que o circundavam.
Mas Antília não se deixava intimidar pelo pai, e com a ajuda da velha ama costumava esquivar-se todas as tardes, enquanto o Rei dormia a sesta depois do almoço. Saía pelas traseiras, sem que ninguém a visse, e ia passear pelos montes e vales próximos.
Num desses passeios, andando pela floresta, um dia a Princesa escutou uma música. A música era tão linda, encantou-a de tal forma, que ela se deixou guiar pelo som e foi descobrir um jovem pastor a tocar flauta, sentado no cimo de um monte. Era ele o autor de tanta maravilha!
A Princesa, encantada, deixou-se ficar escondida a ouvir o jovem a tocar flauta. E ouviu-o escondida durante semanas, até que o pastor, um dia, a descobriu por detrás de uns arbustos.
Ao vê-la foi amor à primeira vista, e era recíproco, pois ela também estava apaixonada por ele. Os jovens continuaram a encontrar-se. Passavam as tardes a conversar e a rir, o pastor a tocar para a Princesa e ela a escutá-lo enlevada, e ambos se sentiam muito felizes juntos.
Um belo dia o pastor decidiu pedir a Princesa em casamento.
Logo pela manhãzinha, o jovem bateu à porta do Castelo, e pediu ao criado para falar com o Rei. Pouco depois o criado voltou e levou-o à presença do Soberano. Muito nervoso mas determinado, o pastor fez-lhe uma vénia e, olhando-o nos olhos, disse:
- Majestade, gosto muito de Antília, sua filha, e gostaria de pedir a sua mão em casamento.
- A mão de minha filha, NUNCA... OUVIS-TE... NUNCA!- disse o Rei aos berros Criado, põe este pastor atrevido na rua.
O jovem bem tentou argumentar, mas ele não o deixava falar, e expulsou-o do Castelo. Em seguida o Rei mandou chamar Antília e proibiu-a de ver o pastor. Antília mais não fez do que acatar as ordens do Rei seu pai.
E nessa mesma tarde foi ter com o seu amor e disse-lhe que nunca mais se podiam encontrar.
Os dois jovens choraram toda a tarde abraçados.
As suas lágrimas, de tantas serem, formaram duas lindas e grandes lagoas, uma verde da cor dos olhos da Princesa, a outra azul da cor dos olhos do pastor.
E ainda hoje estas duas lagoas continuam no Vale das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, lá nos Açores, para avivar a memória de todos quantos por ali passam, e recordar o drama dos dois apaixonados.
(Esta é uma das várias lendas que o povo conta sobre o aparecimento da Lagoa das Sete Cidades na Ilha de São Miguel - Açores)

janeiro 01, 2008

Janeiro


Ano novo, vida nova, e ano novo é sinónimo de Janeiro, o primeiro mês do ano moderno, O primeiro, agora, porque nem sempre foi assim, pois nos tempos da antiguidade romana este era somente o undécimo mês. Foi Numa Pompílio, o segundo dos sete reis de Roma, que alterou o calendário civil, e por ser grande devoto do deus Jano, mandou edificar um templo e a quem consagrou esse mês, que começou então a ser o primeiro.
Esta antiquíssima divindade é representada com um rosto hirsuto, de duas faces, com uma vara numa mão e na outra uma chave, embora outras representações, apresentam-no com o número 365 gravado, para expressar a duração do ano. Tinha simbolicamente dois rostos para exercer o poder tanto na terra, como no céu, mas também para ver o passado e o futuro. Superintendia ao início do ano por ser o deus do princípio.

Era o primeiro a ser evocado nas cerimónias religiosas, por presidir às portas do céu, mas também pelo importante facto de ser através dele que as preces e os pedidos humanos chegavam ao conclave celestial, onde repousavam os demais deuses do fastio da eternidade.

Jano, do latim janua, tem o significado de «porta», «entrada», por onde, logicamente, entra o novo ano. O primeiro mês a ele consagrado recebeu a designação de januarius, Janeiro.

O povo, que é sagaz, observador, soube apreciar as virtudes e defeitos, grandeza e misérias deste primeiro mês, e talvez por isso seja aquele que mais sentenças populares reúne em seu torno. Eis aqui uma colectânea.

A água de Janeiro vale dinheiro.

A galinha de Janeiro vai pôr com a mãe ao colmeiro.

Água de Janeiro todo o ano tem concerto.

Ano de neve, paga o que deve.

Ao galgo mais lebreiro, foge a lebre em Janeiro.

Ao luar de Janeiro, vê-se raposa no outeiro.

Ao minguante de Janeiro, corta o madeiro.

Aproveite Janeiro quem folgar em Fevereiro.

Bacon de Janeiro com seu pai vai ao fumeiro.

Boa noite após mau tempo em Janeiro, traz depressa chuva ou vento.

Bom tempo no Janeiro e mau no estio, bom ano de fome, mau ano de frio.

Bons dias em Janeiro vêm a pagar-se em Fevereiro.

Branco em Janeiro, sinal de pouco dinheiro.

Calça branca em Janeiro é sinal de pouco dinheiro.

Canta o melro em Janeiro, temos neve até ao rolheiro.

Carne de mocho em Janeiro é melhor que de carneiro.

Chuva de Janeiro e não frio vai dar riqueza ao estio.

Chuva de Janeiro, cada gota vale dinheiro.

Coelho em Janeiro é cavalheiro.

Comer laranjas em Janeiro é dar que fazer ao coveiro.

De flores de Janeiro ninguém enche o celeiro.

De Janeiro a Fevereiro o dinheiro é do banqueiro.

Em Janeiro casa-te, companheiro.

Em Janeiro deixa a fonte e vai ao ribeiro.

Em Janeiro deixa o rábano ao rabaneiro.

Em Janeiro junta a perdiz ao parceiro.

Em Janeiro mete obreiro, mês meante que não ante.

Em Janeiro nem galgo Laboreiro, nem açor perdigueiro.

Em Janeiro o boi e o leitão engordarão.

Em Janeiro pasta a lebre no lameiro e o coelho à beira do regueiro.

Em Janeiro seca a ovelha e suas madeixas ao fumeiro.

Em Janeiro sete capelos e um sombreiro.

Em Janeiro sete casacos e um sombreiro.

Em Janeiro sobe o outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar, se vires terrear, põe-te a cantar.

Em Janeiro têm os dias um saltinho de carneiro.

Em Janeiro todo o burro é sendeiro.

Em Janeiro todo o cavalo é sendeiro.

Em Janeiro um porco ao sol, outro ao fumeiro.

Em Janeiro, cada pinga mata seu grãeiro.

Em Janeiro, meia o celeiro; se o vires meado, come regrado.

Frango de Janeiro canta à meia-noite em ponto.

Goraz de Janeiro vale um carneiro.

Inverno que não vem em Janeiro, vem dois em Fevereiro.

Janeiro e Fevereiro enchem e vazam o celeiro.

Janeiro fora, cresce o dia mais uma hora.

Janeiro fora, mais uma hora, e quem bem contar hora e meia há-de achar.

Janeiro frio e molhado, enche a tulha e farta o gado.

Janeiro frio ou temperado passa-o enroupado.

Janeiro geadeiro, nem boa meda, nem bom palheiro.

Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso e Maio ventoso, fazem o ano formoso.

Janeiro greleiro não enche celeiro.

Janeiro mijão, não dá palha nem pão.

Janeiro molhado não é bom para o pão, mas é bom para o gado.

Janeiro molhado se não cria pão, cria gado.

Janeiro quente, traz o Diabo no ventre.

Janeiro quer-se geadeiro.

Janeiro tem uma hora por inteiro.

Janeiro, cada sulco seu regueiro.

Laranjas em Janeiro dá que fazer ao coveiro.

Lua a de Janeiro e amor o primeiro.

Luar de Janeiro não tem parceiro, mas o de Agosto dá-lhe no rosto.

Luar de Janeiro não tem parceiro.

Minguante de Janeiro corta madeiro.

Não há luar como o de Janeiro, nem amor como o primeiro.

No primeiro de Janeiro, sobe ao outeiro para ver o nevoeiro.

O boi e o leitão em Janeiro engordarão.

O bom tempo de Janeiro faz o ano galhofeiro.

O mês de Janeiro e Fevereiro, ou enche ou vaza o espigueiro.

Obreiro em Janeiro pão te comerá, mas obra te fará.

Os bons dias em Janeiro vêm-se a pagar em Fevereiro.

Os escalos em Janeiro têm sabor de carneiro.

Pinto de Janeiro vai pôr atrás do solheiro.

Pinto de Janeiro vai pôr com sua mãe ao colmeiro.

Quem não traz calças em Janeiro, não empresta o teu dinheiro.

Sapatos brancos em Janeiro, sinal de pouco dinheiro.

Se Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas.

Se queres ser bom ervilheiro, semeia no crescente de Janeiro.

Se queres ser bom milhareiro, faz o alqueire em Janeiro.

Se queres um bom alheiro, planta alhos em Janeiro.

Sol de Janeiro anda sempre atrás do outeiro.

Trovão de Janeiro, nem bom prado, nem bom palheiro.
(Coura Magazine)