maio 29, 2007

Um bem tão precioso!


"A água é o constituinte mais característico da terra. Ingrediente essencial da vida, a água é talvez o recurso mais precioso que a terra fornece à humanidade. Embora se observe pelos países mundo fora tanta negligência e tanta falta de visão com relação a este recurso, é de se esperar que os seres humanos tenham pela água grande respeito, que procurem manter seus reservatórios naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da espécie humana e de muitas outras espécies pode ficar comprometido a menos que haja uma melhora significativa na administração dos recursos hídricos terrestres."
(J.W.Maurits la Rivière, Ph.D. em Microbiologia, Delft University of Technology, Holanda)


Quase toda a água do planeta está concentrada nos oceanos. Apenas uma pequena fracção (menos de 3%) está em terra e a maior parte desta está sob a forma de gelo e neve ou abaixo da superfície (água subterrânea). Só uma fracção muito pequena (cerca de 1%) de toda a água terrestre está directamente disponível ao homem e aos outros organismos, sob a forma de lagos e rios, ou como humidade presente no solo, na atmosfera e como componente dos mais diversos organismos.

maio 26, 2007

A água em "ditos e provérbios"



Água de nevão dá muito pão.
A água corre sempre para o mais baixo.
A água é boa para lavar os pés.
A água faz criar rãs na barriga.
A água faz desabar as paredes.
A água silenciosa é a mais perigosa.
A água tudo lava, menos as más línguas.
Água corrente esterco não consente.
Água corrente não faz mal à gente.
Água de Agosto: açafrão, mel e mosto.
Água de Fevereiro vale muito dinheiro.
Água de Janeiro mata o onzeneiro
Água de trovão, nuns lados, dá, noutros, não.
Água detida faz mal à vida.
Água fervida tem mão na vida.
Água mole, em pedra dura, tanto dá até que a fura.
Água na Ascensão, das palhas faz grão.
Água o deu, água o levou.
Água parada: água estragada.
Água pelo São João tira azeite e não dá pão.
Água sem cor, sem cheiro e sem sabor.
Água, da serra; sombra, da pedra.
Águas passadas não moem moinhos.
Em Abril águas mil.
Ficou tudo em águas de bacalhau.
Gato escaldado de água fria tem medo.
Geada na lama, água na cama.
Ninguém diga: desta água não beberei.
No dia de S. Vicente, toda a água é quente.
Presunção e água benta: cada qual toma a que quer.
Quando Deus queria, do norte chovia.
Sol na eira, água no nabal.

maio 23, 2007

O Borda d'Agua


«NOTA DA REDACÇÃO»

«O Borda d’Água, sob nova orientação, tentará discernir e apresentar, por entre tempos e marés, tão mutáveis, não só um calendário temporal, agrícola cívico e religioso, mas também alguns dos filões milenários da alma portuguesa que, enquanto tradição e intuição, urge preservarmos perante a ameaça de superficialização massificante que a sociedade consumista moderna provoca. E tentará ainda transmitir ensinamentos para uma sobrevivência mais harmoniosa, conforme lerá nas nossas páginas epigrafadas em latim “Mens sana in corpore sano”, cabeça e alma sã em corpo são. De facto, os “Reportórios dos Tempos”, os “Almanaques”, e saudemos aqui outra das nossas origens, a árabe, donde vem a palavra almanaque, isto é, o digesto de informações úteis e necessárias para guiar os peregrinos nas estações do percurso para a Unidade, têm em Portugal uma longa história. (...)»

maio 21, 2007

Águas de Março



É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã

Tom Jovim

maio 19, 2007

Gota d'água


Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
Pode ser a gota d'água


Chico Buarque (1975)

Mar


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos,
quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa